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terça-feira, 07 novembro 2023 19:40

Mathokozana: a ciência presente em um jogo tradicional

Mathokozana é um jogo tradicional moçambicano, predominante no sul de Moçambique. O mesmo é executado em uma pequena cova de formato côncavo ou num círculo desenhado na argamassa, envolvendo doze dados chamados vhana (filhos, no sul do país)  e um mugungo ou xigungo.

A cova ou o círculo usados para a prática de mathokozana equivalem a cerca de dois diâmetros da mão de uma pessoa adulta, e a cova tem uma profundidade de mais ou menos três centímetros.

Os “filhos” são representados por sementes de frutos como o canhú ou por pedacinhos de tijolos, azulejos ou pedrinhas de construção. O xigungu pode ser qualquer objecto circular, igual a uma bola de golfe, como um limão, uma laranja, um canhú, etc. Geralmente, o mugungo é individual, mas às vezes é partilhado entre os jogadores.

A brincadeira resume-se no seguinte. O praticante lança o mugungu ao ar com uma mão e, enquanto este ainda se encontra suspenso, o jogador vai alternando entre, primeiro, retirar um número considerável dos 12 dados da cova e, segundo, devolvê-los à cova, desta vez obedecendo uma certa ordem. De acordo com Adélia Baptista, natural da província de Maputo, o jogo é feito de três maneiras, porém a forma padrão é a que foi descrita.  

Com as variantes de pronúncia mathakozane, mathakuzana, matakozana ou thokozana, a brincadeira é, geralmente, realizada ao ar livre por um número de pessoas que varia de dois a quatro sendo, na sua maioria, mulheres. Joga um membro de cada vez.

Thokosana joga-se em doze (12) níveis que também são denominados “casas”. No primeiro nível ou na casa um, os elementos devem devolver à cova ou ao círculo apenas um dado (dos doze dados) em cada volta; na casa dois são retirados dois dados e assim por diante, até que se cumpram todos os níveis.

Os membros do jogo devem sempre evitar deixar cair o mugungo, porque isso é falta. Comete falta, também, quem falha na devolução dos dados à cova, dando lugar ao adversário. Vence quem concluir o nível doze primeiro e, querendo, o vencedor repete a partida. A cada nível finalizado, o praticante lança o xigungo ao ar e bate a mão no chão.

A nossa entrevistada Adélia referiu, em jeito de conclusão, que em tempos mathokozana serviu de um grande meio para a união das pessoas de sua comunidade, antes do uso habitual das tecnologias de informação e comunicação, muito comuns actualmente.

Escrito por Agnalda Massango para Tsevele

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