De acordo com o sonho, o túmulo do santo devia estar na costa do Oceano Índico, exactamente no terreno em que foi erguido o Forte de São Caetano (Fortaleza de Sofala).
Há relatos de que o santuário realiza todos os tipos de vontades e milagres, tais como cura de doenças, acúmulo de riquezas, concepção, sorte no emprego e no relacionamento amoroso; afugentamento de dificuldades no lar, até mesmo a satisfação da sede de vingança. A satisfação dos desejos é gratuita, mas existem pessoas que voltam ao Mwenhe Mukuro para agradecer, trazendo bens como carros, dinheiro, ou outros.
Quando se faz a promessa de retorno e essa promessa é quebrada, toda a riqueza desaparece de uma forma inexplicável e a pessoa fica maluca. Se, a título de exemplo, o indivíduo pediu concepção, a criança concebida morre e os pais enlouquecem.
Dizem que qualquer indivíduo maior de idade pode ir ao santuário em busca de sorte. Por ali têm ido grandes personalidades do País e visitantes de várias partes do mundo, nomeadamente África do Sul, Portugal, Arábia Saudita, Paquistão e Nepal.
Vários macacos habitam o local e dizem que é proibido rir de suas palhaçadas, porque isso pode comprometer a realização dos desejos e o sujeito jamais parará de rir, ou seja, fica louco.
A nossa entrevistada Rosangela, residente na Cidade da Beira, em Sofala, contou-nos da sua primeira visita ao Mwenhe Mukuro. Nesse dia não pôde fazer os pedidos e recomendaram-lhe comprar um lenço branco e frutos (banana e maçã). Quando regressou, os anfitriões guiaram-na até ao túmulo do grande muçulmano, onde foi instruída a cobrir a campa e então iniciar as suas orações.
Depois da reza, dona Rosângela foi informada de que os macacos apareceriam para a ajudar a varrer o pátio e que devia dar-lhes as frutas que trouxera. E apareceram. Se os animais tivessem recusado a apoiar na limpeza e rejeitado as frutas, significava que as preces da dona Rosângela não seriam atendidas. Assim sendo, no ano seguinte ela concebeu e passados quatro anos regressou ao santuário para agradecer.
Quando se busca vingança
Por outro lado, o senhor Custódio Máquina, natural da Cidade da Beira, contou a história de uma senhora que foi ao Mwenhe Mukuro à procura de vingança. Segundo a fonte, a mulher encontrara alguns cabelos na panela, que pensou terem sido postos com intenções malignas (pensou que fosse feitiço). Mas a verdade é que a senhora tinha acabado de cortar o cabelo a uma criança e deixara cair na panela, acidentalmente, alguns cabelos que tinham grudado à sua capulana.
Em vista disso, na sua prece ela pediu que a pessoa que introduzira o cabelo na panela ficasse muito doente e apodrecesse viva por um longo tempo, sem morrer. E assim foi: ela mesma adoeceu. O tratamento hospitalar falhou e, finalmente, a família levou-a ao curandeiro, de onde a mulher soube que se havia enfeitiçado pessoalmente e que o feitiço era irreversível. Ela acabou por se suicidar.
Há relatos de que nos dias de hoje as portas de Mwenhe Mukuro estão abertas só para lazer e não para realização de desejos, visto que existem indivíduos de má fé que usam aquele lugar sagrado para destruir outras pessoas.
Entretanto, nem todos acreditam que o santuário cumpre as orações. Mas o certo é que o monumento religioso recebe visitantes do mundo inteiro, atraídos pelo seu poder, ao mesmo tempo que se desfruta de uma paisagem deslumbrante do Oceano Índico e dos macacos à volta do local, bem como se conhece a história do santuário contada pelos respectivos guardiões.
Escrito por Castigo Mavuque para Tsevele